Desde a passagem de Jesus Cristo pela terra percebemos a dificuldade do ser humano de ter o entendimento sobre o que de fato é o amor. Agora então, em um período onde a superficialidade das relações impera, mais difícil torna-se conseguir identificar o movimento implícito que envolve essa palavra.
Simples no grafar, porém um pouco complexo de se viver. Complexo por conta de todo comprometimento que esse sentimento nos exige. A maioria de nós entende amor, como um conjunto de emoções e sentimentos externalizados, que se findam em si mesmos sem compromisso. Envolvidos por uma redoma inconsciente, manipuladora do outro para que se faça o que queremos, na hora que queremos.
Quem na vida por ter esse tipo de entendimento já não teve vontade “viver de amor”? Pensamento ilusório quando olhamos por essa ótica, pois foge do real sentido da palavra. Amor é ação, responsabilidade, compromisso, dedicação, empenho, liberdade, alegria. Se existe dor, é apego, dependência, precisa ser tratado.
Amor é o quanto de capacidade temos de nos responsabilizarmos por nós mesmos, em consequência o outro. É o dever fazer como já dizia Hans Kelsen. É a arte de aprender a manejar a própria vida. Dá trabalho e requer sacrifícios.
Com isso percebemos a dificuldade que temos em nos dar amor, o auto amor. Dá preguiça, e nem sempre estamos dispostos a querer ter controle sobre nossas vidas, e por nosso crescimento. É mais fácil ser cuidado.
O merecimento sem querer acaba adentrando nessa reflexão.
Voltando um pouquinho ao sentido literal da palavra, entendemos por merecimento aquilo que torna algo ou alguém digno de receber prêmio, que empresta valor, que é vantajoso, admirável. Porém, se dentro do aspecto amor não me responsabilizo por minha vida a ponto de conseguir reconhecer valor e admiração pelo que faço, o que devo esperar em troca se não faço por merecer?
Dessa forma a vida não anda. E não anda porque a visão de amor esta distorcida. E é também por esse motivo que nos tornamos consumistas demais, bebemos/comemos demais, sofremos de “amor” por demais. Tudo isso em busca de suprir um vazio, que estamos na espera do outro nos oferecer, sendo que somente nós mesmos temos por obrigação nos dar.
Analisando essa outra face do amor, compreendemos que amor é a capacidade e coragem que temos em lidar com nossas limitações, adversidades em busca de uma nova realidade e seguir em frente. Tomando pra si a responsabilidade sobre a própria vida, sem a espera de outrem.
Texto da terapeuta Ana Paula Pedroza.