Pensando sobre o “futuro ancestral”

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Trecho do livro Futuro Ancestral, de Ailton Krenak: ” A experiência da pandemia de covid-19 foi arrasadora. Em uma oportunidade que tive de tecer comentários sobre essa travessia, alguém me perguntou: “Ailton, a covid nos ensinou alguma coisa?, e eu respondi: “Por que que você acha que ela deveria nos ensinar algo? A pandemia não vem para ensinar nada, mas para devastar as nossas vidas. Se você está achando que alguém que vem para te matar vai te ensinar algo, só se for a correr ou a se esconder”. Os brancos que me perdoem, mas eu não sei de onde vem essa mentalidade de que o sofrimento ensina alguma coisa. Se ensinasse , os povos das diásporas, que passaram pela tragédia inenarrável da escravidão, estariam sendo premiados no século XXI. Eu não tenho nenhuma simpatia por essa ideia, não quero aprender nada às custas de sofrimento,

Inclusive acredito que nossa acomodação psicológica no ambiente virtual, intensificada nesse período, não deve ser saudável. Quando começou a pandemia, eu alertava as pessoas, dizendo:” Lembrem-se, isso aqui é virtual, é uma tela, nós não estamos conversando diretamente um com os outros”. pois creio que, entre nossa ação nesse ambiente e o seu resultado, pode haver uma brecha de não entendimento e até mesmo confusão.”

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